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MEDITAÇÃO YOGUE

 

1) O que é meditação yogue?

Resposta: Técnica desenvolvida pelos antigos sábios yogues da Índia, a meditação visa a acalmar a mente, que, quando se encontra serena e centrada, experimenta uma profunda sensação de paz, bem-estar e contentamento. No segundo sutra (*aforismo) do terceiro capítulo do Yoga Sutras (Aforismos do Yoga), o grande sábio e yogue Patañjali (autor do Yoga Sutras; pesquisadores modernos consideram que ele, provavelmente, tenha vivido no século II d.C., embora a tradição hindu o relacione ao gramático que viveu no século II a.C.) conceitua o termo meditação:

Conceito de meditação no Yoga Sutra

“Tatra (eis) pratyaya (do empenho ou esforço mental) ekatanata (contínuo) dhyánam (meditação).” Ou seja: “Do contínuo empenho ou esforço mental (referindo-se à concentração, no sutra anterior), resulta a meditação.” O virtuoso e grande sábio Vyasa (atribui-se a ele a autoria da epopéia Mahábhárata; compilador de quatro hinos védicos, de muitos Puranas e de outros trabalhos, como o Yoga-Bhâshya e comentários sobre o Yoga Sutras de Patañjali) fez o seguinte comentário a respeito desse sutra: “Meditação é um estado de contínua e prolongada concentração no objeto de contemplação, intocável por qualquer outro pensar.”

Dhyana (verdadeira meditação) é a condição sob a qual se presta ininterrupta atenção ao objeto de contemplação.

É a concentração mais profunda (mais aprimorada) e prolongada. Quando se vivencia o estado de profunda e prolongada concentração, alcança-se a meditação. Durante a meditação, o praticante pode manter a sua atenção (consciência) voltada apenas para um objeto, durante o tempo que desejar, e a distração não mais afeta a sua mente. Nesse estágio, entretanto, ainda existe uma dualidade: o indivíduo (a pessoa que medita) e o objeto de sua contemplação. Uma vez perdida a noção da dualidade, a meditação transforma-se em samádhi (êxtase ou estado de hiperconsciência). A meditação apresenta um efeito calmante e revitalizante sobre o sistema nervoso (hipotálamo) e sobre todo o organismo, desperta “insights”, a “luz” interior e alguns siddhis (poderes psíquicos).

 

2) Existem outros tipos de meditação?

Resposta: Sim. A Meditação Transcendental, criada pelo Maharishi Mahesh Yogi (em 1967, atraiu a atenção de George Harrison e dos Beatles); a Meditação Vedanta (tradição filosófica predominante no Hinduísmo, que ensina que a “Realidade” é não-dual); Vipassana (antiga técnica de meditação da Índia, praticada por Buddha Gautama); Zen (nesse tipo não existe um ponto focal, o praticante se volta para uma parede nua, que simboliza o vazio); da Medicina Tradicional Chinesa; dentre diversas outras.

O praticante deve optar por aquela técnica de meditação com a qual mais se identificar, que mais lhe aprouver, que lhe seja mais eficaz.

 Patañjali descreveu e conceituou de forma didática, profunda e muito sábia um caminho efetivo e seguro (dividido em oito partes) para se alcançarem os estados de concentração, meditação e samadhi.

A técnica de meditação proposta por Patañjali no Yoga Sutras é tão antiga quanto o próprio nascimento do Yoga, considerada a mãe de todas as outras.

 

3) A prática regular e integral do Yoga auxilia na meditação?

Resposta: Sim. A meditação é o sétimo passo (anga) do Yoga, é um degrau importante dessa ciência milenar, consiste no próprio Yoga. Como foi explicado anteriormente, Patañjali sistematizou de forma sábia e concisa, em 194 aforismos (sutras, frases de caráter sentencioso que encerram, de modo conciso, um profundo conhecimento ou pensamento), os mais importantes ensinamentos do Yoga e, inclusive, o caminho para se atingir a meditação que passa pela prática sistemática e regular de ásanas (posições psicofísicas), pránáyámas (exercícios respiratórios que visam o controle da respiração e da energia vital) etc.

 

4) Quais as oito partes que constituem o Yoga segundo a sistematização de Patañjali?

(1). Yama (5 disciplinas) e (2). Niyama (5 deveres) constituem o chamado “Código de Ética Yogue”; (3). Ásana (posição psicofísica); (4). Pránáyáma (controle da respiração); (5). Prátyahára (desligamento dos sentidos); (6). Dharána (concentração); (7). Dhyána (meditação) e (8). Samádhi (êxtase, iluminação da consciência, estado de hiperconsciência).

A divisão do Yoga em oito partes ou degraus (Ashtânga-Yoga) parece ter sido uma compreensão inovadora de Patañjali e representa o clímax de um longo desenvolvimento da ciência e tecnologia yogue. A maior parte do Yoga Sutras dedica-se ao estudo do Kriya-Yoga (nome que Patañjali dá à prática da ascese (tapas), do estudo (svâdhyâya) e da devoção (ishvara-pranidhâna)).

 

5) Quais os requisitos necessários ao aprendizado da meditação?

Resposta: Disciplina, perseverança, determinação, interesse, devoção, estudo e prática sob a orientação de um mestre gabaritado, experiente e conhecedor do Yoga e da metodologia de Patañjali (que tenha estudado o Yoga Clássico como é ensinado e praticado na Índia pelas renomadas escolas, evitando-se que a sua essência e seus preciosos ensinamentos se percam), prática regular do Yoga e da meditação sem interrupções, levando-se em consideração o horário mais recomendado.

 

6) Quais os benefícios que a meditação traz à saúde?

Resposta: Modernos estudos científicos, realizados na Índia, China, Japão e em outras partes do mundo, demonstram inúmeros benefícios da prática regular da meditação e comprovam o que já afirmavam, há milhares de anos, os antigos sábios e yogues da Índia e Zen Budistas:

1º) - mente calma (desacelera as ondas cerebrais);

2º) - aumento da capacidade de concentração, produtividade e criatividade;

3º) - combate do estresse (neutraliza a produção de hormônios a ele relacionados) e as tensões musculares e psíquicas; relaxa a musculatura;

4º) - promove centralidade psicológica;

5º) - apresenta efeito tônico (revitalizador) sobre o sistema nervoso e órgãos;

6º) - diminui e regulariza os batimentos cardíacos (combatendo arritmias e taquicardia);

7º) - normaliza a pressão arterial (combatendo a hipertensão, pois durante o relaxamento e a meditação ocorre uma redução na produção de hormônios ligados ao estresse, tais como: angiotensina (de poder vasoconstritor) e vasopressina (favorece a reabsorção da água ao nível dos rins, contrai as arteríolas e artérias e eleva a pressão arterial);

8º) - combate a produção de radicais livres que predispõem o organismo ao envelhecimento precoce e a doenças degenerativas; fortalece a imunidade;

9º) - melhora a auto-estima e a autoconfiança; alivia as dores agudas e crônicas;

10º) - promove bem-estar e contentamento. Isso acontece devido ao aumento da produção de endorfina, que é um neurotransmissor e também hormônio – composto de 31 aminoácidos –, descoberto em 1975, produzido durante a prática de exercícios físicos, do Yoga, de relaxamento neuropsíquico e muscular – Yoganidrá – e de atividades prazerosas, cujos efeitos principais no organismo são: melhoria da memória e do estado de espírito – bom humor, elemento terapêutico indispensável para melhorar a saúde física, emocional e mental –; aumento da resistência e da disposição física e mental; estimula a imunidade; apresenta efeito antienvelhecimento, pois combate os radicais livres; apresenta propriedades analgésicas; e bloqueia possíveis lesões dos vasos sangüíneos.);

11º) - combate a irritabilidade, a agressividade, a depressão e as doenças de natureza psicossomáticas;

12º) - muito beneficia as pessoas que sofrem de insônia, síndrome de ansiedade e distúrbio do pânico;

13º) - promove economia da energia orgânica; diminui os níveis do mau colesterol sangüíneo;

14º) - aumenta o fluxo sangüíneo no coração;

15º) - auxilia na regularização da glicose (açúcar no sangue) de diabéticos do tipo II;
16º) - melhora o controle respiratório (o que muito beneficia pessoas portadoras de problemas respiratórios e asmáticos);

17º) - auxilia no combate e na reversão das doenças coronarianas, etc.

 

Texto de Gilberto Coutinho (com algumas adaptações)

Fonte: http://www2.uol.com.br/vyaestelar/holismo_entrevista_meditacao.htm

 

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